domingo, 24 de outubro de 2010


 
 
            Em 1991, Antônio Calmon escreveu uma novela que ficaria marcada para sempre na memória de muitos dos telespectadores que a assistiram.
            VAMP entrou no ar em 15 de Julho de 1991, no horário das 19:00 horas, e logo transformou-se em um retumbante e avassalador sucesso. Foi brilhantemente dirigida por Jorge Fernando, que inclusive fez uma participação especial nos últimos capítulos, encarnando o hilário personagem Vicentinho Fernando.
 
 
Propagandas de estréia, veiculadas pela Rede Globo na tarde de 15 de Julho de 1991
(locutor  " em off "):
"É mistério; é o maior agito; é Vamp - é a nova novela das sete. Estréia - hoje."
 
 
Vinheta da época, colocada na sequência da propaganda de estréia de Vamp
(locutor  " em off "):
"Globo e você, tudo a ver"
 
            Vamp foi estrelada pela exuberante e carismática Cláudia Ohana, tendo ainda no elenco nomes de peso como Reginaldo Faria, Joana Fomm, Ney Latorraca (impagável como o vampiro Vlad), Nuno Leal Maia (o "padre garotão"), Otávio Augusto, Paulo Gracindo, dentre muitos outros.
 
 
A Cruz de São Sebastião:
O mais temido objeto, por parte dos vampiros de Armação dos Anjos
 
            A estória de vampiros invasores da fictícia Armação dos Anjos rapidamente cativou o público. Foi tamanho o sucesso que além dos dois discos da novela (os tradicionais: "Nacional" e "Internacional") foi lançado um terceiro, denominado "Rádio Corsário", com músicas essencialmente da década de 60, também tocadas na novela. Cláudia Ohana, que no disco (Nacional) já havia gravado uma música (Sympathy for the Devil), gravou mais uma - desta vez um cover de Roberto Carlos: "Quero que vá tudo pro inferno".
 
                                            Natasha                                                        Gérald e Natasha
 
            Otávio Augusto, que é especialista em transformar personagens secundários em personagens inesquecíveis, fez o Brasil morrer de rir na pele de Matoso – um homem sem caráter e extremamente desajeitado, que não sabia dizer “não” à sua amada Mary – interpretada de maneira majestosa por Patrícia Travassos. Ambos formaram,  indubitavelmente, um dos casais mais divertidos da telenovela brasileira.
 
 
                  Matoso                                           Mary                        Jonas Rocha e Carmem Maura
 
 
 

 
 
TOP MODEL   /   VAMP
 
            Com vários atores recém saídos da não menos saudosa novela Top Model (Carol Machado, Rodrigo Penna, Henrique Faria, Igor Lage e Jonas Torres) foi fácil conquistar o público infanto-juvenil, principalmente aqueles que assistiram à citada novela nos anos anteriores (1989 ~ 1990).
 
 
 
            Abaixo, imagens dos personagens interpretados pelos mesmos artistas, em Top Model.
 
 
     
 

 
 
ABERTURA  DE  VAMP
 
            A abertura era outro destaque de Vamp: Excelente fotografia e, principalmente, trilha sonora, na voz de Vange Leonel cantando a música: “Noite Preta”.
 
 
 
Imagens da abertura de Vamp
 
 
 
 

 
 
ÚLTIMA  CENA  DOS  CAPÍTULOS
 
            Um efeito extremamente simples e de resultado muito interessante fazia parte de todos os capítulos da novela. Sempre no final do último bloco, a última imagem do capítulo era congelada, e um desenho da cena fixada aparecia. Isso gerava expectativa nos telespectadores, que ansiavam em ver a alta fidelidade (ou não) entre imagem e desenho. Abaixo, um exemplo desse efeito - característica marcante da novela, que inclusive terminou seu último capítulo dessa forma, apresentando todo o elenco através de desenhos usados no decorrer da trama.
 
 
Fusão da cena com o desenho correspondente, para fechar o capítulo
 
 
 

 
 
MAIS  IMAGENS  DE  VAMP
 
            A novela Vamp também tinha o ator Flávio Silvino no elenco, que contracenou com o então estreante André Gonçalves. Poucos anos depois, Flávio Silvino sofreria um grave acidente, afastando-o temporariamente das novelas, até seu retorno em "Laços de Família" (2000).
            Abaixo, foto de ambos.
 
 
André Gonçalves (Matosinho)
e Flávio Silvino (Matosão)
 
 
            Logo abaixo, imagens de uma das cenas mais caprichadas no que diz respeito à fotografia e, principalmente, à interpretação dramática dos protagonistas da novela.
            Natasha (Cláudia Ohana), cansada de seu destino na pele de uma vampira, tenta suicídio, ao cravar uma estaca de madeira em seu próprio coração. Vlad (Ney Latorraca), ao ver sua amada em morte iminente, declara trégua em sua incansável luta para conseguir um filho de Natasha - para tornar-se seu herdeiro. Esta, chora lágrimas de sangue, que são cuidadosamente recolhidas por seu algoz em um copo de vidro, e ingeridas por ele em seguida.
 
 
 
Vlad e Natasha no castelo  -  Uma das cenas mais marcantes de toda a novela
 
 
             Salvo eu esteja enganado, esta cena foi ao ar numa terça-feira, dia 03 de Dezembro de 1991. Lembro pois foi no último dia de aula, quando cursava o 1º Colegial (no colégio Marista Pio X - João Pessoa, PB). Na época, com 15 anos de idade, fui com colegas da turma em um bar próximo ao colégio e bebemos várias garrafas de cerveja para comemorar o término das aulas. Como era extremamente inexperiente com bebidas, exagerei na dose e passei o dia dormindo, de porre. Só assisti ao capítulo de madrugada, gravado em videocassete na ocasião, e guardado até hoje (pelo menos esta cena mostrada acima mantém-se intacta).
 
 
 

 
 
A  SEGUIR  CENAS  DO
PRÓXIMO  CAPÍTULO
 
 
 
 
            Em 1991, a Rede Globo ainda exibia as "cenas do próximo capítulo". Infelizmente, de um tempo pra cá, a emissora mudou esse procedimento, abolindo as tais cenas - o que é uma pena tanto para nós telespectadores, que deixamos de ver trechos do capítulo seguinte - quanto para a própria emissora, que poderia estar aumentando a divulgação da trilha sonora da própria novela, e pelo menos teoricamente, aumentando o interesse do telespectador em adquirir o disco da novela (uma vez que as cenas do capítulo seguinte sempre vinham acompanhadas com fundo musical), e ter, ainda, um maior espaço publicitário destinado a seus clientes reais e potenciais. No fim, todos saem perdendo com a ausência do outrora tradicional bloco destinado às "cenas do próximo capítulo"...
 
 
 

 
 
MEUS  DISCOS  (CDs)  DA  NOVELA
 
 
 
                        Vamp Trilha Sonora
 
 
 
 

 
 
 
    
            Quem assistiu Vamp, provavelmente terá a mesma (ou pelo menos quase a mesma) opinião, descrita abaixo:
            Vamp foi uma novela audaciosa, cômica em padrões diferentes do usual até então nas tramas globais, e de texto bastante ágil. Foi direcionada ao público infanto-juvenil (principalmente aos adolescentes e pré-adolescentes, além de atingir também crianças em idade inferior a 10 anos). Mesmo assim, não deixava de ter cenas relativamente fortes mostrando mortes violentas de vampiros, como a do Giron por exemplo.
            Em 2002, surgiu o boato de que iria estrear “Vamp 2”. Muito se cogitou sobre o assunto, mas o resultado não foi exatamente o especulado a princípio. Realmente colocaram no ar uma outra novela, 10 anos depois, com a mesma temática de Vamp: novela com vampiros e afins. Porém, para decepção de muitos, a nova trama não iria ser uma continuação de Vamp. Ao contrário, iria ter características diferentes (bem diferentes) do clássico global do horário das 7, de 1991.
            Bastou se assistir ao primeiro capítulo para se confirmar o que já havia sido divulgado pela imprensa, inclusive pelo próprio Antônio Calmon: “O Beijo do Vampiro” não teria nada a ver com o estilo da novela Vamp. O primeiro capítulo de Vamp teve muito mais emoção do que "O Beijo do Vampiro", que pecou principalmente por evitar cenas fortes (em especial na queda - em câmera lenta - de Cecília, da torre), devido ao público dominante da novela. Isso pra mim é até hipocrisia por parte da emissora. Não que a novela fosse recheada de violência explícita como um filme de terror, mas que fosse pelo menos no mesmo nível do primeiro capítulo de Vamp. Quem a assistiu em 91, sabe do que estou falando.
            Nem na abertura, "O Beijo do Vampiro" consegue ter originalidade e "vida própria": a música de abertura chama-se Blue Moon -  adequada para o tema da novela, mas que foi gravada (pelo grupo The Marcels) originalmente para o filme "An American Werewolf in London", de 1981 (no Brasil, exibido pela TVS com o título: "Um Lobisomem Americano em Londres").
            Vamp era direcionada aos jovens, mas nem por isso tinha como protagonista um pirralho ainda fedendo a cueiro (no caso, Kayky Brito), e como coadjuvantes outro punhado de guris da mais tenra idade; além de atores e atrizes (?!) como Flávia Alessandra e Thiago Lacerda (este, fazendo participação especial) - que equivalem ao mesmo nível de interpretação (ou inferior) de  Ricardo "Cigano Ígor" Macchi.  Diferente de "O Beijo do Vampiro", Vamp contava com artistas de renome não somente para interpretar personagens protagonistas e antagonistas (como Cláudia Ohana e Ney Latorraca, respectivamente), como também para os papéis dos coadjuvantes (como Reginaldo Faria, Otávio Augusto e Nuno Leal Maia, apenas para exemplificar) e participação especial do saudoso Paulo Gracindo. Dá para comparar?
 
 
Natasha, Lipe e Lena
            A respeito dos efeitos especiais, alguns comparam os utilizados em ambas as novelas e subestimam os recursos existentes para tanto em 1991. Os efeitos atuais podem até ser um pouco mais elaborados, mas muitas vezes o mais simples dá um resultado mais agradável do que algo mais sofisticado, como o efeito chamado “ morf ”, usado em "O Beijo (...)". Nesse quesito, Vamp não deixa nada a desejar, se comparado aos efeitos usados em “O Beijo do Vampiro”. Patrícia Travassos (a Mary na novela Vamp) fez o seguinte comentário, em uma entrevista cedida a internautas através de chat: "Eu não assisto 'O Beijo do Vampiro'. O que eu acho é que a 'Vamp' tinha uma certa ingenuidade. Os efeitos especiais eram truques de televisão, tinha uma autenticidade".
            No mais, (que me desculpe o Antônio Calmon) a trama de “O Beijo do Vampiro” é chata, nada original, os personagens têm figurinos e maquiagem altamente exagerados (a atriz Beth Goffman, por exemplo, está ridícula com excesso de "tinta" na cara), e as cenas cômicas e infantilizadas estão longe de conseguir arrancar risos dos mais exigentes. Um verdadeiro desperdício de elenco (excluem-se do citado desperdício a extremamente inexpressiva "atriz" Flávia Alessandra, e a turma do maternal ). Em resumo: uma verdadeira lástima, realmente!
            Ah, que falta fazem Natasha, Vlad, Matoso, Mary, Jurandir & Cia. a esse “plágio de mesmo autor”  chamado:  “O Beijo do Vampiro” !!!!!!
 
 
 Seria bom que a Rede Globo exibisse Vamp no “Vale a pena ver de novo”.  Seria uma satisfação poder ver novamente esse clássico da teledramaturgia brasileira, e matar a saudade daqueles que nos brindaram com seus personagens inesquecíveis.
 

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