terça-feira, 19 de outubro de 2010

No início da década existia a Rede Globo, platinada, líder, absoluta e incontestável. Havia o SBT, a emissora comandada por Silvio Santos, o mago da televisão. Sempre foi segundo lugar, assumiam com orgulho o posto e por toda a história foi clara a intenção de permanecer ali. Até o mundo mineral sabe que o dono do baú jamais almejou a 1ª colocação. Eis que surge Edir Macedo. Um homem qualquer, pastor – o que já sugere discriminação pela forma como a crença foi implantada no mundo -, dono de um dos maiores impérios religiosos que o planeta já viu, a Igreja Universal do Reino de Deus. Prometera transformar a Record em referencia mundial quando a pauta é televisão. Garantiu também liderança absoluta em audiência, num contexto onde dizer isso significava ser taxado como contador de piadas e alguém sem alguma credibilidade.
Mas as circunstancias mudaram, o mundo girou e, num jogo de apostas altas, a Rede Record cresceu assustadoramente, chegando a ponderar o SBT uma página virada. Diretores da emissora do bispo disseram até não tocar mais no nome do SBT nas reuniões, e que ultrapassar a Globo no IBOPE era questão de tempo. Conseguiram. O investimento valeu a pena, contratações de extremo peso na televisão brasileira, como, por exemplo, Gugu Liberato, Celso Freitas, Ana Paula Padrão, Roberto Cabrini, Tom Cavalcante e incontáveis outros nomes globais.
Aonde eu quero chegar é muito simples, antes – da Record, especificamente-, as emissoras se encontravam num lugar onde não havia perspectiva alguma de avanço ou transgressão. Tratavam o país como um só. Mas chegou a mudança, Edir Macedo ameaçou a Globo de uma forma nunca antes vista. E as emissoras deixaram de noticiar o que não dá audiência, o que não interessam a ela, logo fecharam os olhos para metade do Brasil, excluíram o Norte e Nordeste do país.  
Ontem chegamos ao ápice. Assistindo o SBT Manhã, esperava ver os gols do jogo do Vitória, da Bahia, do Nordeste. Torcedores do Ceará esperavam ver o lance do jogo do seu time do coração. O SBT mostrou todos os jogos, todos os gols, ironicamente e coincidentemente deixou de fora os jogos dos dois únicos times nordestinos na primeira divisão do futebol nacional. Fiquei chateado e mudei pra Rede Globo – aquela que chama de impecável-, esperei começar o ‘Bom Dia Brasil’, do mestre Renato Ribeiro, pretendendo ver os gols do jogo do meu time. A Globo, diferente do SBT, mostrou o jogo do Vitória, mas nem precisava, não houve replay dos gols, somente 10 segundos, senão menos, da reportagem tratava da partida dos dois times nordestinos, o Vitória enfrentando o Prudente, e o Ceará enfrentando o Palmeiras. Uma vergonha.
Se apresentar uma notícia que não chama atenção é agonizante para as emissoras, se prestar serviço a um lado do país que pouco tem valor é mais uma pedra no sapato das grandes redes televisivas do país, que assumam de uma vez o time que jogam. Que deixem mais do que claro que não ligam para uma parte do país, parem de enganar os telespectadores, excluam o norte dos noticiários, mas assumam que estão excluindo. Quem sairá na frente e tomará essa iniciativa? Será o Domingo Espetacular, da Record, ou o Fantástico, da Globo, que engrenará a primeira marcha e anunciará o fim de toda e qualquer notícia que cite o nordeste? Por que não tem coragem de deixar explícito o grande desejo de tirar esse ‘carma’ das costas?
Ontem foi um dia decepcionante para mim. Sentir-me um ninguém, por ser da onde eu sou. Mas toda ação tem uma reação, na Bahia, por exemplo, o SBT tem uma audiência tão insignificante que dá pena, a Record nem faz partes das conversas sobre televisão. E a Globo? Reina absoluta, talvez porque dentre as piores, seja a melhor. Pobre título.

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