sábado, 29 de janeiro de 2011

CINEMA NACIONAL EM DESTAQUE

Filmes viram séries da Globo. Foto: Globo/Divulgação

As últimas microsséries exibidas pela Globo revelam o quanto cinema e televisão se aproximaram no Brasil e no mundo. O Bem-Amado e Chico Xavier, exibidos pela Globo nas últimas semanas, são os últimos exemplos de uma série de produções iniciadas há uma década com a Globo Filmes, que soube multiplicar o sucesso da TV no cinema. E vice-versa.
Caso do pioneiro Caramuru – A invenção do Brasil, de 2001, primeiro exibido na TV e depois nos cinemas. Na época, o diretor Guel Arraes já explicava que não via mais tanta diferença entre cinema ou televisão, algo que poderia ser reduzido a uma mudança de posição numa tecla da ilha de edição. O filme – que, afinal, já tinha sido visto por meio Brasil na TV – terminou sendo um sucesso na tela grande, com mais de dois milhões de espectadores. Dois anos antes, a peça clássica Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, fora vertida para a tevê e depois também chegou aos cinemas.
Essa aproximação do cinema com a televisão é anterior ao impacto massivo do uso de equipamentos computadorizados que marca as mídias das últimas duas décadas. Antes mesmo da tão comentada convergência digital, transposições de bitola cinematográficas e telecinagens já rompiam com os limites entre cinema e tevê. Com os novos dispositivos digitais, tudo ficou mais simples e eficiente.
A principal diferença, porém, não parece ter sido tecnológica, mas no modelo de negócio e no conteúdo dos produtos. Não é à toa que a maior emissora do país também emplacou as 10 maiores bilheterias dos últimos anos. Os Normais, de José Alvarenga, ganhou os cinemas em 2003 e uma sequência em 2009. Lisbela E O Prisioneiro, também de 2003, saiu da TV para os cinemas. A longeva A Grande Família demorou, mas pulou a cerca em 2007.
E sucessos do cinema também migraram para a TV, desdobrando-se em séries de todos os tamanhos, como a franquia Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, que se tornou um sucesso mundial. A série Cidade dos Homens foi ao ar a partir de 2002, com muitos dos atores e da equipe do filme. E, finalmente, a produção televisiva chegou aos cinemas em 2007.
O Bem-Amado e Chico Xavier, ambos de 2010, são apenas exemplos mais recentes. Essa relação promete se tornar mais comum e intensa, como forma de cortar custos e multiplicar os ganhos, ao lado dos bem-vendidos DVDs de seriados, que cada vez ocupam mais prateleiras nas locadoras de, digamos, filmes. A televisão e o cinema como foram conhecidos até os anos 80, com determinadas linguagens visuais, formas narrativas e espaços de exibição estão em uma transformação que está longe do fim. De olho no além, Chico Xavier é apenas o começo.

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